terça-feira, novembro 24, 2015

MITO!

Fausto tinha o ímpeto 
da loucura desmedida;
Eu definho na covardia 
da normalidade.

TARRAFA!

Bota esse gole escancarado de vida de uma vez em minha boca: vivo sempre pronto - em rede armada no quintal - para o que tua cabeça esgueirada em mim e testa suada dizem ao meu sossego. Lhe darei mais que qualquer arrepio fuleiro em procissão de Bom Jesus dos Navegantes e me preencherás com qualquer matéria mais dura e forte que chuva no dia 19 de março. Vai, sai, sobe aqui, que a existência vai se evolar em antologia. Tum!

domingo, novembro 15, 2015

LAS VEGAS!

Se for para ficar sem hábitos de uma vez,
primeiro desnudemos a vida 
e desentupamos o coração;
o incêndio vem depois.

terça-feira, novembro 10, 2015

O MUNDO EM CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO!

Pisada forte em terra batida, zoada do reboliço da areia que se levanta, que faz fumaça e se aquieta em outro canto para gentilmente ceder lugar ao rastro onde passo. Em frente é só a vida que sonho ter, e é por isso que vim aqui, trazendo meu coração brega e desatinado, quase um terremoto no sertão de Canindé. Um vento bateu, veio uma zabumba de dentro: com os olhos amargados pelo suor, lhe vejo de longe na porta de casa, num canto da escada de quatro degraus, catando um pedaço de sombra às três da tarde e chupando uma manga espada para o tempo passar, enquanto olha os pingos do leite amarelo furando o chão. Nessa hora, penso em todas as vezes que voltei mas não tive coragem de seguir até o fim da estrada, e fui embora, matando nossas tardes de chamego sob o olhar de São José seguidas de café com macaxeira. Agora, vendo teus olhos esperançosos se dirigindo a mim, olho para trás uma última vez, vendo todo aquele mundo percorrido, e finalmente percebo que o único lugar em que existe vida é aqui, nesse sol, nessa cama, nisso que é seco e macio e depois escorre doido como o São Francisco.

segunda-feira, novembro 09, 2015

ARTE SUJA!















Aquela arte suja deixei no bar junto às barbas ensopadas de suor. De sujo já tenho eu, com o ópio, o cheiro de coito, os olhos espaciais, a Teoria das Vidas Selvagens, o tesão espasmódico, a mente arregaçada, puteador. Eu também sou uma arte suficientemente suja, livre de ismos, que não pertence a ninguém, que ninguém sabe quem fez, de onde veio, pra onde vai, qual efeito tem, e que existe somente para ser atravessada por olhares passageiros de gente que tem a vida em queda. Sou - porque não tenho estados transitórios de espírito - uma arte metalinguística, com infinitos códigos e auras de mim mesmo dentro de mim mesmo, que, dependendo de quem olhe, pode fazer cada eu ou vários eus se ouriçarem e emergirem (simultaneamente). De tão sujo, vou rolando por aí com a frase estampada no corpo "Passe a língua aqui". 

A TEORIA DAS VIDAS SELVAGENS!

É quando chego nesse meio-escuro que sinto meu corpo nu e minha liberdade vindo, morrendo, crescendo, indo, diminuindo, revivendo, chacoalhando paixões, pelos, trepadas no sol quente, viagens longas, horas de solidão, mitos que finjo que não existem e o amor. Eu sendo apenas eu e me revirando em mim. Quanta revolução eu já fiz, que não lembro mais das coisas em estado original, acredita? Isso, na verdade, não tem problema nenhum, porque coisas em estado original não existem, pois precisariam nunca terem sido pensadas, sentidas ou pronunciadas. Esse meio-escuro é meu e não cabe em lugar nenhum. Meu peito tatuado sabe.

domingo, novembro 08, 2015

SENTIMENTALISMO!

Agora que estou defronte a ti,
não tenho nada a dizer-te;
Apenas morrerei vagarosamente
diante de teus olhos falaciosos.